Você tem medo de ter medo? Não deveria!

Você tem medo de ter medo? Não deveria!

Quem é que não tem medo de alguma coisa, por menor que seja? Eu tenho!

O medo é uma sensação que proporciona um estado de alerta e se manifesta pelo receio que você tem de fazer alguma coisa, geralmente por se sentir ameaçado, tanto física como psicologicamente.  Nós, seres humanos, temos basicamente 3 tipos de medo: da perda, do processo e do resultado.

Inconscientemente, as características físicas reproduzidas pelo sentimento de medo preparam o corpo para duas prováveis reações naturais: o confronto ou a fuga.

De um modo geral, para surgir o medo é necessária a presença de um estímulo que nos provoque ansiedade e insegurança.  Porém, em determinadas situações, basta apenas uma simples ideia para que o medo seja desencadeado em relação a algo que seja desagradável.

Nos seres humanos o medo também pode ser provocado por razões sem fundamento ou lógica racional, quando estão baseados em crenças populares ou lendas, ou, simplesmente, em motivos que são fabricados em nosso cérebro sem base alguma para isso.

A resposta anterior ao medo é conhecida por ansiedade.  Cuidado para não fazer essa confusão. Na ansiedade o indivíduo teme antecipadamente o encontro com a situação, pessoa ou objeto que possa lhe causar algum mal.  Esse evento pode nem acontecer!!!  Ou seja, em alguns (ou muitos) casos você está apenas se ‘pré-ocupando’ com algo que nem vai chegar a acontecer no mundo real, mas apenas dentro da sua cabeça.  Dessa forma, é possível traçar uma escala de graus de medo, no qual, o máximo seria o pavor e, o mínimo, uma leve ansiedade.

De toda forma, os diversos graus de medo podem ser trabalhados.  A técnica mais utilizada pelos psicólogos para tratar o medo se chama Dessensibilização Sistemática.  Com ela se constrói uma escala de medo, que começa em ‘leve ansiedade’ até ‘pavor’, e vai sendo feito um trabalho progressivo de encorajamento para que os medos sejam enfrentados.

Com seu desenrolar, acontece um processo gradativo de reestruturação cognitiva e ocorre uma reaprendizagem, ou ressignificação, da reação que anteriormente gerava a resposta de alerta no organismo para uma reação mais equilibrada.

Sentir medo é natural e saudável, pois ele costuma nos proteger de algum tipo de perigo e nos afasta de situações em que nos sentimos ameaçados.  Porém, o excesso de medo causa transtornos ao ritmo de vida de qualquer pessoa, que passa a evitar a todo custo o contato com o objeto/pessoa/situação que lhe causa medo e, assim, essa questão acaba saindo da vida dessa pessoa.  Sem falar que o convívio com as pessoas de seu relacionamento também pode ser prejudicado.

Aqui vão algumas maneiras de como tratar o seu medo.  Lembrando sempre que dependendo do estágio em que se encontra, o processo de coaching pode ajudar.  Em outros casos, o indicado é procurar a ajuda de um psicólogo.

  • Visualização: imagine uma tela mental onde, de forma muito nítida, você enfrenta a situação que te causa medo e você se sente curado.
  • Linha do tempo: puxe pela memória e volte para o momento onde você acredita que tudo começou. Busque aquietar sua mente, deixando para trás o que é passado. Aos poucos, avance no tempo até o presente, imaginando a superação do medo e a visualização do futuro com a cura plena de qualquer sofrimento referente a esse tema.
  • Foco de atenção: perceba para onde seus pensamentos estão sendo direcionados. Você tem o controle para onde olha, o que pensa e no que está concentrado. Você passa a ser senhor de si próprio.
  • EMDR: da sigla em inglês Eye Movement Desensitization and Reprocessing (Dessensibilização e Reprocessamento por meio dos Movimentos Oculares).

Ela funciona da seguinte forma: o cliente se lembra de alguma situação ou sensação traumática, e os profissionais que trabalham com EMDR o ajudam a mexer os olhos de determinada maneira, com isso o cérebro recebe a ajuda necessária para processar o fato e arquivá-lo de uma forma funcional.  Perde-se a carga negativa associada ao evento, e muitas vezes se recuperam as lembranças positivas vinculadas a isso.

  • Dissociação: anote seus pensamentos e tente reorganizá-los no papel. Isso costuma ajudar a reorganizar a mente também. Busque ter autocontrole sobre a situação e tente observar e sentir com maior capacidade de escolha sobre seus sentimentos.  A Dissociação também significa poder estar distante emocionalmente de forma saudável, sem se perder no medo.
  • Cadeia de excelência + Respiração: mostra a ligação entre mente e corpo. A respiração influencia diretamente o corpo que, por sua vez, tem ligação com o estado emocional e, juntos, eles influenciam no desempenho (ação) da pessoa. Respirar profundamente, de forma serena e tranquila pode ajudar nesse processo de cura.
  • Perguntas de coaching: a pessoa que sente medo deve ser exposta gradualmente ao objeto fóbico, sempre respeitando o limite desse contato. O cliente e o coach se organizam e montam uma estratégia para abordar o medo do cliente usando perguntas que lhe ajudarão a entender melhor o que está acontecendo, mostrando que, de fato, é possível a superação.
  • Dessensibilização: Uma das mais antigas técnicas de tratamento psicológico de cura de fobia; ela é muito usada dentro da Terapia Cognitivo Comportamental (TCC). A pessoa que sente medo deve ser exposta gradualmente ao objeto fóbico, sempre respeitando o limite desse contato. Em alguns casos, a pessoa pode começar apenas com o contato com uma foto daquilo que se parece extremamente ameaçador.
  • Modelagem: é uma técnica da programação neurolinguística que consiste em observar uma pessoa que é bem sucedida naquilo que você deseja alcançar. Então, se você tem medo de algo, observe como alguém que não tem medo dessa mesma coisa lida com a situação. Como é sua postura corporal? Como é sua respiração? O que a pessoa pensa sobre o tema? Como ela se sente? O que ela fez para perder o medo?
  • Relaxamento corporal: o medo gera tensão mental e física. Saber relaxar o corpo pode ser extremamente útil nesse momento.
  • Diminuindo o diálogo interno: quem sente medo costuma ter o ritmo do diálogo interno muito “elevado”, ou seja, aquela conversa que temos com a gente mesmo fica um pouco exacerbada e atrapalha para pensar com coerência. Às vezes, esse diálogo pode não ser produtivo, por isso, devemos estar atentos ao que pensamos.
  • Ancoragem: é poder “ancorar”, guardar um estado emocional desejado para usá-lo como referência quando desejarmos ou precisarmos.

Existem, ainda, diversas outras técnicas, mas as listadas acima, de terapia breve para cura de fobia, são as mais divulgadas.  E nada impede que você também crie o seu próprio método de superação, traçando um ótimo planejamento e produzindo excelente capacidade de ação. Mas lembre-se: escolha a forma que mais lhe parece adequada ao seu modo de pensar e agir.

– Mas, Sergio, por que eu não devo ter medo de ter medo?

– Por que o medo está te ajudando.  De certa forma, é um sinal de que alguma coisa está desequilibrada.  Como hoje em dia, a maioria de nós não precisa fugir de nenhum animal ou entrar em confronto com um oponente para lutar por alimento, o medo é sinal de que nossa cabeça está criando algo para nos impedir de avançar na direção de alguma coisa.

Por conta disso, diante desses momentos de ansiedade, de medo, de ‘pré-ocupação’, faça uma pausa, desafie a situação (questione-se) e decida se realmente esse “medo” tem fundamento ou é apenas uma crença em algo que você sempre trouxe durante toda a sua vida e que pode ser mudada.

Sempre insisto nisso com meus clientes: pense diferente, sinta-se confortável estando desconfortável.  O progresso só existe com movimento.

Gosto muito de frases e vou deixar duas que acredito terem tudo a ver com o que falamos nesse post.

“Os problemas significativos que enfrentamos não podem ser resolvidos no mesmo nível de pensamento em que estávamos quando os criamos.”
Albert Einstein, físico alemão.

“A vida é maravilhosa se não se tem medo dela.”
Charles Chaplin, ator e diretor inglês

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